Na última sexta-feira, um acidente aéreo trágico em Vinhedo chamou a atenção de todo o país. O Fantástico revelou que a aeronave envolvida já havia sofrido danos significativos na cauda em março deste ano, levantando questões sobre a segurança do avião.
Devido a denúncia em questão, imagens inéditas foram divulgadas, onde a parte exterior do avião apresentava vários danos estruturais.
Danos na Cauda e Sistema Hidráulico Comprometido
Imagens obtidas mostram danos visíveis na parte inferior da cauda do avião, incluindo óleo escorrendo e a fuselagem arranhada, com tinta arrancada. O trem de pouso estava coberto de óleo, e a estrutura interna de um dos pneus estava exposta, indicando um comprometimento grave.
Segundo relatos, esses danos ocorreram após um incidente em março, quando um pneu estourou durante a decolagem entre Recife e Salvador, danificando o sistema hidráulico do ATR72 e dificultando o pouso.
Funcionários da empresa aérea relataram que o pneu do avião já apresentava problemas antes do incidente, mas não foi trocado. Esse problema, que já havia comprometido a segurança da aeronave, agravou-se quando a cauda bateu no chão durante o pouso, causando um dano estrutural significativo.
No entanto, o parecer final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) mencionou que os danos à aeronave foram leves, permitindo que ela voltasse a voar após reparos realizados de março a julho.
Rigores na Liberação de Aeronaves e Novas Denúncias
O engenheiro mecânico Antônio Campos, vice-presidente da Associação Brasileira de Manutenção Aérea, explicou que a liberação de uma aeronave após avarias passa por três crivos rigorosos: da própria empresa, do fabricante ou da engenharia da empresa, e da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).
No entanto, 20 dias antes do acidente em Vinhedo, funcionários da VoePass denunciaram outro problema na mesma aeronave. A denúncia anônima relatou um vazamento de pressão na porta de serviço, evidenciado por um vídeo que mostra um vão entre a porta e a fuselagem.
Essas falhas operacionais, que comprometem a segurança de voo, agora estão sob investigação dos peritos da Aeronáutica. Eles começaram a analisar os motores do avião para verificar seu funcionamento correto, e exigiram da VoePass o histórico completo de manutenção da aeronave.
A hipótese de que o acúmulo de gelo nas estruturas de sustentação do ATR72 contribuiu para o acidente também está sendo considerada, embora a aeronave possua sistemas que evitam ou eliminam o congelamento.
Investigação em Curso e Responsabilidades
Ontem, o CENIPA concluiu a extração dos dados das caixas-pretas do ATR72. Em março de 2023, a ANAC havia isentado a VoePass de cumprir parte das normas que estabelecem os parâmetros de gravação de dados, decisão que pode ter implicações nas investigações atuais.
A agência justificou que o prazo foi concedido para adequação da empresa às exigências brasileiras, e que a isenção não prejudicaria as investigações.
Sobre os danos na cauda e a denúncia de problemas na porta, a ANAC declarou que um avião só é liberado para voar quando está em condições seguras. A agência afirmou ainda que todas as denúncias seguem um rito rigoroso, e que, se houver infrações às normas de aviação civil, sanções serão aplicadas ao final do processo.
A VoePass, por sua vez, informou que realizou um reparo temporário na aeronave após o incidente em março, o que permitiu seu traslado para Ribeirão Preto, onde passou por reparos definitivos.
A empresa também afirmou que não houve necessidade de atestado ou autorização especial para o retorno do avião ao serviço, pois o certificado de aeronavegabilidade estava válido e todos os reparos foram realizados conforme as exigências.
A investigação continua, e os detalhes revelados até agora apontam para um cenário de falhas que, se confirmadas, podem ter contribuído para o trágico desfecho do voo em Vinhedo. As famílias das vítimas aguardam respostas, enquanto as autoridades trabalham para esclarecer todos os fatores envolvidos no acidente.
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